terça-feira, outubro 24, 2006

O elogio ao Amor...



Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser por isso, incompreensível. A culpa é minha.
O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que eu quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Teixeira de Pascoaes meteu-se num navio para ir atrás de uma rapariga inglesa com quem nunca tinha falado. Estava apaixonado, foi parar a Liverpool. Quando finalmente conseguiu falar com ela, arrependeu-se.

Quem é que hoje é capaz de se apaixonar assim? Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornam-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica da camaradagem. A paixão que devia ser desmedida é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas e cantina, malta do "tá em, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Por onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para se perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.

Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa e o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso in Expresso

sábado, outubro 14, 2006

Esta noite...

Finalmente de regresso a casa depois de mais uma noite a andar por ai...
Esta noite devo de ter feito perto de 300km e tudo isto sem ir a lado algum, simplesmente deambulei pelas estradas e busca de algo que não encontro, de algo que quero mas não tenho, simplesmente em busca...
A noite foi longa e já estou a pé há mais de 24 horas...
O corpo está cansado...
A idade já não perdoa!
Andei perdido pela noite, e na noite não encontrei o refugio que queria...
O abrigo para me acolher...
O colo onde deitar a cabeça e descansar...
Os braços para me confortarem...
O toque para me reconfortar...
E a voz para me embalar...
Nada encontrei a não ser o vazio da estrada e o escuro da noite...
Mais uma noite em branco a juntar a tantas outras por dormir...
Mais um dia que começa, e o sono não vem...
Não faz mal, já me habituei a estar acordado, a não dormir e esperar...
Esperar...
Esperar por ti?
Esperar por alguém?
Não sei...
Mas vou continuar à espera...
Pode ser que o sono venha e não volte a acordar para conseguir evitar os pesadelos do dia a dia...
Pode ser que tenha sorte...
Até lá, vou continuar à espera...

segunda-feira, outubro 02, 2006

She Wants Revenge - Us



Late last night I was looking through pictures
Flooded with memories I lied on the floor
And spread them around me like friends at a party
Their faces remind me of all that I've known, still I can't forget
All the hush who and why's, all the fiction and lies
All the tears and the laughs, take a walk through the past
You and I, hand in hand, as we look at this thing called us

Late last night I was pacing the hallway
Reading the letters you'd signed x and o
I turned out the lights, and and imagined you with me
I tried my hardest to cry but it just wouldn't come

Still I can't forget
All the hush who and why's, all the fiction and lies
All the tears and the laughs, take a walk through the past
You and I, hand in hand, as we look at this thing called us

Still I can't forget
All the hush who and why's, all the fiction and lies
All the tears and the laughs, take a walk through the past
You and I, hand in hand, as we look at this thing called trust

domingo, outubro 01, 2006

A muzika de ontem à noite...


 
Ontem noite estava maravilhosa, depois de um serão bem passado, fui ao teatro ver "Pedra nos Bolsos" eu até recomendava irem ver, mas ontem foi o ultimo dia...
Já pela noite a dentro vim a passear pela marginal de Lisboa a Cascais...
A noite estava maravilhosa, o mar calmo, sereno e ondulava levemente...
Pequenas ondas que se desfaziam na areia da praia e que me lavavam a alma...
Foi então que me recordei desta muzika, de um filme maravilhoso no qual, por muitas vezes que o veja, choro sempre no final...
E agora a muzika...

Moulin Rouge - Come What May

Never knew I could feel like this
Like I have never seen the sky before
I want to vanish inside your kiss
Every day I love you more and more
Listen to my heart, can you hear it sings
Telling me to give you everything
Seasons may change, winter to spring
But I love you until the end of time

Come what may
Come what may
I will love you until my dying day

Suddenly the world seems such a perfect place
Suddenly it moves with such a perfect grace
Suddenly my life doesn't seem such a waste
It all revolves around you
And there's no mountain too high
No river too wide
Sing out this song and I'll be there by your side
Storm clouds may gather
And stars may collide
But I love you until the end of time

Come what may
Come what may
I will love you until my dying day

Oh, come what may, come what may
I will love you, I will love you
Suddenly the world seems such a perfect place

Come what may
Come what may
I will love you until my dying day


É assim que juras de amor se fazem...

Para ti com amor...
AlmaMater